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Quando foi a última vez que você descansou sem aquela sensação de que deveria estar fazendo alguma coisa?

Atualizado: 25 de mar.

Talvez você até tente. Coloca uma série para assistir, deita no sofá, decide que vai dar uma pausa. Mas, a mente não para. Vem aquela inquietação, um incômodo sutil — como se algo estivesse errado, como se houvesse algo que você deveria estar fazendo.



Aparece aquela voz interna insistente, que surge no momento em que você tenta relaxar, lembrando de todas as coisas que ficaram pendentes, dos compromissos que precisam ser organizados, das tarefas que ainda não foram concluídas. E aí, o descanso acaba vindo acompanhado de culpa, ansiedade e inquietação.


Mesmo nos momentos em que não há uma demanda real e urgente, seu corpo segue tenso, pronto para agir. E, quando você percebe, já pegou o celular, abriu a agenda, checou o e-mail, começou a pensar na próxima tarefa.



Talvez você até já tenha se acostumado com isso. Tanto que, quando não sente essa urgência, parece estranho. 


 

Por que isso acontece?


Essa dificuldade de descansar sem culpa, de viver em estado de alerta mesmo nos momentos de descanso, pode ter influência de diversos fatores. Muitos deles aprendidos e reforçados ao longo da vida, através das nossas experiências, do ambiente em que crescemos, da cultura.


Por exemplo, se você cresceu e vive em um ambiente que valoriza o conceito “trabalhe enquanto eles dormem”, talvez você tenha internalizado crenças rígidas sobre o seu valor estar naquilo que você faz e realiza.


E acontece que você acaba acostumando tanto o seu cérebro a viver nesse ritmo acelerado, de sempre fazer mais, sempre estar alerta, que ele se acostumou. Virou hábito. Virou um modo automático de funcionar. Quando você passa muito tempo nessa lógica de alerta e cobrança constante, seu cérebro começa a acreditar que é assim que as coisas funcionam. 


 

Mas será que viver assim é sustentável?

Talvez, aos poucos, você tenha normalizado esse jeito de viver: sempre ativa, tentando se antecipar, sempre um passo à frente. Só que esse funcionamento tem custos. O que acontece quando você nunca sente que "pode" descansar? Quando nunca relaxa de verdade? Como fica a sua mente, seu corpo, sua saúde emocional?


O cansaço vai se acumulando, a irritabilidade aumenta, a mente fica lenta, e, ironicamente, até a produtividade cai.


Às vezes, você pode nem perceber, mas o corpo vai mostrando sinais como tensão muscular, dor de cabeça frequente, cansaço mesmo após dormir, sobrecarga, esgotamento, impaciência e uma ansiedade que parece nunca ir embora. 


E, aos poucos, você começa a perceber que, mesmo quando está "cumprindo tudo", ainda sente que não é suficiente.


É como se você estivesse sempre “funcionando no limite da bateria”, com a sensação de que não pode parar — mesmo que precise.


 

O que fazer?

Descansar não é um prêmio. É uma necessidade fisiológica. Seu cérebro precisa de pausas para processar informações, para recuperar energia, para reorganizar suas experiências e emoções. 


Se você sente que essa dificuldade está presente na sua rotina, tente refletir e praticar esses caminhos possíveis:


  • Note quando o alerta aparece. Ao invés de se deixar levar pela inquietação, perceber: "Olha, aqui está o pensamento de que eu deveria estar fazendo algo. Mas será que isso é verdade? Ou é só um hábito?"

  • Pratique pequenas pausas sem preenchê-las com algo produtivo, pode ser cinco minutos observando o ambiente, sentindo a respiração, deixando o corpo relaxar sem justificar esse tempo.

  • Reformule a forma como você enxerga o descanso. Em vez de vê-lo como "tempo perdido", perceba que ele é o que permite que você funcione bem nas outras áreas da vida.

  • Observe quais pensamentos aparecem quando você tenta descansar e lembre-se que pensamentos são apenas pensamentos, não necessariamente verdades absolutas ou ordens que precisam ser obedecidas imediatamente.

  • Pratique aceitar que a lista de tarefas quase nunca termina completamente, e está tudo bem. Você não precisa estar sempre em dia para se permitir pausas.


Aos poucos, com um olhar mais gentil para você mesmo(a), você vai perceber que descansar sem culpa não significa descuido ou irresponsabilidade. É apenas uma maneira sábia e gentil de cuidar da pessoa que mais precisa do seu olhar atento e compassivo: você.


 

Como a psicoterapia pode ajudar?

Eu entendo o quanto isso é desgastante. Como psicóloga, atendo frequentamente na clínica pessoas que vivem essa dinâmica. Existe um funcionamento por trás, enraizado em histórias, experiências e aprendizados.


Na psicoterapia, exploramos juntos(as) o que está por trás desse modo de funcionamento. Perceber com clareza a função dessa inquietação na sua vida. Que função esses pensamentos e comportamentos estão cumprindo?


Às vezes, o que mantém esse ritmo acelerado são medos silenciosos: o medo de parecer “menos capaz”, de ser julgada, de perder o controle, ou até o medo de entrar em contato com emoções difíceis que o ócio revela.


E, na terapia, vamos criando espaço para olhar para tudo isso com profundidade.


  • Identificar padrões que se repetem no seu dia a dia.

  • Questionar essas crenças rígidas que talvez estejam operando aí dentro há anos — e que, em algum momento, podem até ter feito sentido, mas que hoje estão te impedindo de viver com mais leveza e presença.

  • Reconhecer os gatilhos desse estado de alerta constante.

  • Ajudar você a distinguir demandas reais de exigências autoimpostas.

  • Construir uma relação mais flexível com o tempo e com a produtividade.

  • Construir novas formas de estar no mundo, mais conectadas com seus valores

  • Treinar o seu corpo e mente a reconhecer que é seguro descansar.


A sua vida não precisa ser uma eterna corrida. Existe outro jeito de viver. E você pode construir esse caminho. Um passo de cada vez.


 

Jessica Ferreira Vieira de Lacerda

Psicóloga CRP 11/11890


Gostaria de entender melhor como funciona a psicoterapia e como poderia te ajudar? Entre em contato, clique no link abaixo e saiba mais. Estou aqui para apoiá-lo(a) nessa jornada de autoconhecimento e transformação.










 
 
 

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